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Neuralgia do Trigêmeo: quando a cirurgia é indicada?

Data: 30 de maio de 2022  

Como podemos observar na imagem, o nervo trigêmeo é um conjunto de nervos cranianos que possui três ramos distintos, sendo eles:  

🔺 Ramo Oftálmico (V1): Ramo responsável por controlar a sensação dos olhos, pálpebras superiores e testa; 

🔺 Ramo Maxilar (V2): Segundo ramo do trio cuja função é controlar a sensação nas pálpebras inferiores, bochechas, narina, lábio superior e gengiva superior; 

🔺 Ramo Mandibular (V3): último ramo, responsável por controlar a sensação da mandíbula, lábio inferior, gengiva inferior e outros músculos usados para mastigar.  

A Neuralgia do Trigêmeo é uma condição ocasionada pela irritação do nervo trigêmeo que envia uma dor extremamente intensa e lancinante, semelhante a um choque elétrico, mais frequentemente acometendo a parte inferior da face e da mandíbula e, em determinados casos, a dor também pode afetar as áreas ao redor do nariz e acima dos olhos.  

📌 Os sintomas são desencadeados por atos simples e rotineiros, geralmente que movimentam a face ou estimulam os ramos do Nervo Trigêmeo, tais como: escovar os dentes, comer/mastigar, conversar, sorrir ou beber bebidas quentes, ou frias, e geralmente são sentidos em apenas um dos lados do rosto.  

Conforme a condição progride os episódios de dores que eram leves e curtos passam a ser mais longos e dolorosos.  

Apesar de não existir cura para a neuralgia do trigêmeo, tratamentos podem ser indicados para aliviar a dor intensa, podendo chegar a remi-la.  

Normalmente, a primeira atitude do profissional que acompanha o caso é receitar o tratamento conservador, a base de medicamentos. Quando não há melhora significativa, a orientação pode ser um dos tipos de tratamentos ablativos ou intervenções cirúrgicas, a depender do caso. 

🔹 Descompressão Microvascular Intracraniana: este é um procedimento cirúrgico realizado através de uma pequena abertura no crânio, de cerca de 2 a 3 centímetros de diâmetro, cerca de 5 centímetros atrás da orelha, ao lado da dor apresentada, com uso de microscópio cirúrgico ou de endoscópio para ampliação da imagem. Este tratamento é indicado para pacientes que apresentam o chamado “Conflito Neuro-Vascular”, que ocorre quando um vaso sanguíneo (veia ou artéria) na base do crânio, apresenta uma espécie de dobra ou curva acentuada, comprimindo a origem do Nervo Trigêmeo no Tronco Cerebral, sendo identificado em exames de Ressonância Magnética de Crânio com protocolo especial.  

Através desta cirurgia minimamente invasiva, é realizada a descompressão microvascular, onde a raiz do Nervo Trigêmeo é localizada e exposta, para que seja possível identificar o vaso sanguíneo responsável pela compressão, em seguida, o neurocirurgião afasta o vaso cuidadosamente para longe do ponto de compressão. Embora esse seja o tratamento mais eficaz, na maioria das vezes resolvendo de vez o problema, também é o tratamento mais invasivo.  

🔹Já os procedimentos ablativos são realizados através de intervenções minimamente invasivas com uso de cânulas finas, de cerca de 1 a 2mm. Estes procedimentos funcionam alterando a condutância do Nervo Trigêmeo, visando evitar que o nervo cause dores na face. Os efeitos podem ser mais curtos do que a cirurgia, geralmente durando 1,5 a 2 anos no caso do Tratamento Por Compressão por Balão de Fogarty – que geralmente tem o efeito colateral de resultar em dormência na face - ou de 3 a 4 anos no caso do tratamento por Gangliólise Trigeminal por Radiofrequência Percutânea – que não deve ser realizada quando o paciente tem acometimento do Ramo Oftálmico (V1), por causar perda de sensibilidade na córnea e xeroftalmia, favorecendo a úlcera de córnea. 


🔍Fonte: American Association of Neurological Surgeons (AANS) 
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